domingo, 20 de setembro de 2009

2ª Cicloviagem - Litoral Paulista

Nossa 2ª Cicloviagem aconteceu no Litoral Paulista. Fomos de Peruíbe à Ilha Bela em 4 dias de pedal no feriado de 9 de julho de 2009, totalizando 250 km.

A descida da Serra




Descemos para Peruibe no dia 08/07/09, dessa vez, de ônibus. Pra começar nossa “luta” com a CPTM (como embarcaríamos na quarta quando não é permitido carregar bicicletas), embalamos as bikes em lona preta, e aí sim, devidamente “camufladas”, pudemos embarcar com nossa bagagem. É preciso dizer que, com as bikes embaladas, fica mais difícil o seu transporte, o que atrapalha tanto a nossa vida quanto aos demais usuários da própria CPTM. Também ganhei uma dor no pulso que me acompanhou pelos próximos dois dias de viagem.


Para tentar facilitar nossa vida de carregadores de bicicletas, achamos que seria melhor embarcarmos em Prefeito Saladino (e não no Terminal Rodoviário do Tietê, que teria ônibus direto para Peruíbe), indo para Santos e depois pegando outro ônibus para Peruíbe. As bikes foram no bagageiro do ônibus, e ficaram muito bem amarradas por sinal, não causando nenhum dano às mesmas.


Enfim, chegamos à Peruíbe passando da meia noite, e o hotel que havíamos visto para ficar estava fechado e não nos atendeu. Restou-nos sair de porta em porta procurando um lugar pra ficar com um preço justo, pois sairímos no outro dia bem cedo, antes mesmo do café. Um rapaz sonolento e admirado com a hora nos acolheu, manifestando um certo protesto, mas acho que percebeu que não tínhamos pra onde ir... finalmente, “lar doce lar” para aquela noite. Ainda fomos comer alguma coisa no centro próximo.


1º Dia de pedal – 52,85 Km.


Não conseguimos levantar tão cedo assim (a previsão era sairmos às 6h, como na 1ª Viagem, e pedalar somente o período da manhã), e às 9:15h deu-se início nossa aventura! Todo início de viagem dá aquele friozinho na barriga, pois, embora já tivéssemos passado por praticamente todas aquelas praias, de bike é sempre tudo novo. A pousada também era bem aconchegante, quem sabe voltemos outro dia!






O dia estava ótimo para um pedal e a companhia do mar, obviamente, maravilhosa!!! Rapidamente (depois do pão com pingado na padaria), já estávamos saindo de Peruíbe, aquela falta de subidas era uma beleza!
Para esta viagem, como em alguns trechos pegaríamos a Rodovia, adotamos coletes refletores para maior segurança, no início deu um pouco de vergonha usá-los, mas depois, devido algumas situações, percebemos que nos foram muito úteis...






O trajeto da viagem foi pensado à partir do google maps, sendo que tínhamos planejado uns 50 km por dia, à princípio ainda não sabíamos se chegaríamos à Ilha Bela devido um pequeno morro na cidade de São Sebastião... A hospedagem também vimos através da internet e não reservamos nada, pois sabíamos que não teria muita gente por lá.


Os marinheiros de 1º dia, chegando ao 1º hotel visto pela internet (e que dizia ser pertinho do centro!), já no horário do almoço, foram logo se hospedando e ... pimba, passamos a tarde andando atrás de restaurante e supermercado, pois na verdade ainda estávamos um tantim distante do centro.

2º Dia de pedal – 85,49 Km.


No segundo dia conseguimos sair às 6:30h. Único dia em que conseguimos ver o sol nascer e também o dia mais agitado, onde passamos pelas cidades mais movimentadas.





Uma das cenas com os coletes foi na ciclovia de Praia Grande, um grupo de rapazes estava tentando pegar uns côcos e quando fomos nos aproximando, um desceu correndo com cara de assustado. Quando passamos, deu pra ouvir ele comentando "pensei que era da polícia!" hehehe. Também percebemos um maior respeito no trânsito, talvez pelo mesmo motivo. Teve um outro Senhor que insistiu que eu lhe desse uma informação sobre a balsa, "meu Senhor, não sei te infor... não, mas eu só queria saber...", acho que falei qualquer coisa pra ele...








De fato parecíamos verdadeiros domingueiros do pedal e por algumas vezes "quase" causamos acidentes. O 1º foi na Ponte Pencil, puxa ela é tão bonita!!! Então eu quis bater uma foto. Péssima idéia, mas salvaram-se todos e a foto ficou legal!




O trânsito de bicicletas é enorme e com certeza dá pra ir pra todo lugar de bike. Fomos de Mongaguá até Guarujá apenas por ciclovias e ciclofaixas, mas pra quem não está acostumado, não há muita sinalização, e como bicicleta não tem luz de freio, parar pode ser arriscado. Mas seguimos turismando por cidades tão próximas, e que precisam ser visitadas mais vezes







Na entrada para a balsa entre Santos e Guarujá, nos atrapalhamos um pouco, até entramos na contramão mas o pior estava por vir. Sabe quando o dia está quente, a fome já tá apertando, as pernas meio bambas (e todas as desculpas mais para este tipo de situação)... Chegamos perto do embarque e Flávio perguntou à um gari onde era o banheiro, "é por ali", virou as costas e continuou seu trabalho. Então meu digníssimo foi descer de sua bicicleta, só que estava muito perto de mim, bateu o pé na garupa e nos engalfinhamos até o chão, vagarosamente, meio que em câmera lenta. De engraçado só teve a cara do gari ao perceber o fato: "Nossa!" como quem diz "como conseguiram?!?!", e veio correndo em MEU socorro. Jamais conseguiria sair dali sozinha com o peso das bikes + mochilas + Flavitos. Ainda bem que levamos o gelol.





* o meliante tentando se camuflar*


Chegando em Guarujá, não cometemos o mesmo erro do dia anterior e resolvemos almoçar primeiro. A chuva aguardou nossa chegada pra cair e já estávamos imaginando uma caminha quente depois do almoço. Pesquisa dali, olha daqui e quando fomos ver já estávamos aquecidos de novo e prontos pra continuar no pedal! Fomos andando mais um pouco e com aquela chuva o que teríamos pra fazer à tarde? Pedalar! E a chuva nos acompanhou até o fim da viagem... Pra muita gente aquele fim de semana chuvoso pode ter estragado o passeio, mas pra nós, como a diversão era o caminho, aproveitamos mesmo com chuva! Estávamos até quentinhos! E após 85km (nosso récorde), chegamos em Bertioga. Passeio pelo centro, pizza e ótima hospedagem.


3º Dia de pedal – 67,48 Km.


A chuva caiu que foi uma beleza durante à noite e pela manhã, sendo assim, saímos às 10h30. Nesse dia foi um festival de "tira capa de chuva, põe capa de chuva".



Com chuva??? Só se for em boa companhia...



Pedalar pelo acostamento foi muito tranquilo, ao contrário do trânsito do dia anterior. Pudemos pedalar lado a lado batendo um bom papo. Estranho mesmo era a sinalização da pista...





Demorou mas apareceu a 1ª subida da viagem, já saindo de Bertioga, em Boracéia... estava acabando nossa mamata...




Paramos para comer uma fruta, em um raro momento que a chuva deu uma trégua, próximo à um local que não pudemos identificar de início. Um cachorro latil e um homem espiou pra ver o que estava acontecendo. Nem terminamos de fazer nosso lanche e a chuva voltou a cair novamente. Então o homem nos convidou para entrar.


Sr. Heraldo faz a segurança do espaço que era um Senai e foi comprado para se construir prédios. O problema, como ele mesmo disse, é que passa "um rio" por baixo do local e não liberaram a construção... Ele nos apresentou as instalações que são maravilhosas, nos deixou utilizar o banheiro e nos falou sobre a cã que fica no local e acabara de ter filhotes...




Novamente a hospitalidade causada pela bicicleta nos chamou atenção nesta viagem.



Saímos com chuva mesmo e depois de um tempo, paramos pra almoçar. Comidinha deliciosa (bife com fritas), aguardamos um pouco pra baixar a comida e saímos vagarosamente. A Serra estava chegando e chegamos em Boiçucanga já no início da noite, onde ficamos hospedados no "Chalés Água de Coco", onde já havíamos passado umas férias. Aproveitamos que o local era grande pra lavar e secar toda a roupa. Pensamos até em ficar por ali um dia inteiro, pois estávamos adiantados...




4º Dia de pedal – 35 Km.

A chuva fez estragos esta noite e até nos acordou de madrugada com as janelas batendo. De manhã ainda não sabíamos se iríamos pedalar naquele dia. Esse de manhã já eram 10h, tomamos café, ajeitamos as coisas e resolvemos sair pois tava até fazendo sol! Saímos já era 12h, e fizemos mais um lanche na mercearia antes da primeira e grandiosíssima subida logo na saída de Boiçucanga. Saímos esperando pela chuva, mas o empurra bike deu um calor danado. Tiramos as capas e no meio da subida (que demorou uma hora de empurração) caiu o maior pé d´agua...



A temida Serra de São Sebastião...


Na Serra, empurramos bastante as bikes, que não estavam nada leves devido à bagagem, e a subida era tão íngrime que mais parecia uma escalada. Foi na serra o único momento que um ônibus passou muito perto e me assustou. Estávamos empurrando e não tinha acostamento. O ônibus passou rasgando ao nosso lado, mas é importante dizer que em nenhum outro momento sequer nos sentimos ameaçados.


Pior que subir, foi descer. Logo eu que havia encerrado minha carreira em parques de diversão... A sensação foi a mesma de chegar ao topo de uma montanha russa, naquele momento em que o carrinho está fazendo a curva e já se soltou das engrenagens... terrível... pra piorar, devido a chuva, havia muitas folhas nas bordas da pista, e a porcaria dos freios, com a roda molhada, cantaram que foi uma beleza.




Em Maresias, nem os surfistas apareceram, mas o sol veio dar uma espiadinha...


Só consegui aproveitar melhor (mesmo com medo) à partir da segunda descida. A chuva afastou os visitantes e haviam poucos carros. Eu desci pelo meio da rua, e observava pelo retrovisor o Flávio sair e entrar no acostamento, quando estes apareciam. Eu estava com medo de me desequilibrar naquele degrauzinho da pista e praticamente descíamos na mesma velocidade que os carros, por isso foram poucos os que nos ultrapassaram durante a descida. Os pingos de água chega doíam, e as mãos também doíam de tanto segurar nos freios. Coisa de doido.



O bom da subida é que a vista é ainda mais bela lá de cima...


Em dado momento paramos pra fazer um lanche e apreciar a paisagem, o barulho do vento junto ao barulho do mar, as gaivotas paradas no ar, como que fazendo pose para a foto... e ao fundo, podíamos até avistar a chuva... foi quando percebedos que o vento estava para o nosso lado... tarde demais. Na pressa, até derrubei a bicicleta que entortou a garupa, o que só fui ver no outro dia. A chuva chegou forte e cheia de vento.




Chegando no centro de São Sebastião a sensação era de vitória e superação, olhar pra trás e ver que ultrapassamos todas aquelas montanhas com as nossas pernas. Ufa! Ainda dá frio na barriga.




Neste dia comemos apenas frutas, que nos sustentaram muito bem. Não conhecíamos o centro de São Sebastião e ficamos num hotel próximo a rodoviária. O rapaz do hotel perguntou por que estávamos fazendo aquilo??? Porque sim ué! À noite fomos jantar (e mais uma vez descobrimos que vacilamos quanto à estadia...) e vimos que a chuva até cancelou um show que haveria no centro (era uma dupla sertaneja, não lembro qual).




O que sobrou das banderolas...


Último dia – 10 Km.


Imagine se depois de tanta chuva e o fim do feriado o sol apareceu??? Compramos as passagens de volta para tarde e fomos almoçar em Ilha Bela, tínhamos a segunda livre. Íamos deixar as coisas no hotel, mas descobrimos que ele havia sido assaltado no dia anterior. Saímos correndo com os tênis pendurados nas mochilas...




Ainda tivemos tempo de aproveitar o sol e as belas paisagens de Ilha Bela!!!















A subida da Serra


Só pra variar, a segregação das bikes na CPTM...





OBS:

*Fiz um filme com as fotos faz um tempo, mas parece que o AI-5 digital já baixou no youtube, se alguém souber de outro local que dá pra colocar vídeos...

*Com certeza, esta viagem é mais tranquila de se fazer do que a que fizemos primeiro. Fica a dica pra quem quer começar a viajar de bicicleta!!!

*Se aguém tiver a altimetria da Serra de São Sebastião, eu gostaria de saber.


Cicloabraços à tod@s!


***FIM***



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Enquanto isso, em São Paulo...


Tem sido difícil voltar ao trabalho. Nunca fui boa em obedecer. Depois do Encontro Nacional de Cicloturismo, fiquei literalmente “viajando na maionese”. Será que eu também posso abdicar do trabalho por um ano e sair pedalando por aí? Junto dinheiro por algum tempo e “Adios mutchatos”, ou até breve... não quero esperar pela aposentadoria. Devorei o 1º livro do Valdo: “Viajando solitário, do Oiapoque ao Chui”. Estou muito mexida com estes últimos fatos, pensando na vida, no que quero pra minha vida. Sempre levo um tempo pra digestão, eu sou bem lerda mesmo.
Este mês entrego meu artigo, se “Deus quiser”, e embora pretenda fazer o Mestrado, preciso de um tempo pra pensar. É engraçado como mudamos, e ainda bem...
Estive com minha pequena bike na casa de amigos para um churrasco. De fato, a casa, hoje em dia, fica praticamente na minha rua (antes havia uma chácara que separava os bairros, mas a voracidade imobiliária devorou-a – área verde pra quê não é mesmo?), o único problema é um trecho de terra e sem iluminação (provavelmente, quando as casas forem construídas, não haverá mais passagem por ali). Acho que nunca fui a pé até lá, sempre de carro (eu o vendi), e dessa vez quis ir de bicicleta. Os questionamentos em casa foram instantâneos, “mas porque não vai a pé! É tão perto!”, e eu pensando com meus botões, que se tivesse carro, iria de carro, e ninguém diria pra eu ir a pé. “E se te assaltarem e levarem a bike???”, horas, e o carro não seria um prejuízo maior? Até Flávio ("tu, Brutos") foi comigo a contragosto, preferia ter ido a pé. Chegando lá, os mesmos questionamentos: “mas é tão perto, precisava vir de bike?”, pergunta se alguém (e moramos todos pertos) havia ido a pé? Claro que não, afinal, não se paga tão caro em carro pra deixá-lo na garagem...



A zoeira com a bicicleta também foi instantênea: “veio no Kinder Ovo?”, queriam até uma demonstração dela dobrada, mas é claro que não fiz. Relembraram os tombos e situações da infância... coisas de bicicleta, e a minha é bem esquisitinha mesmo... “Um carro a menos, uma coisa esquisita a mais...”.
Pior do que isso só o que retrata a primeira imagem: “Salvem a Amazônia!”, gritamos em coro, mas isso requer mudanças de comportamento, individuais e coletivos... E eu, particularmente, desconheço a Amazônia.

Esse mês tem muita coisa acontecendo, tem o dia mundial sem carro e bicicletada toda sexta na paulista. Mas não sei se vou. Minha garganta ta inflamada e tenho algumas pilhas de processos de coisas que não entendi direito, pudera, não me explicaram – mas vem escrito: “Cumpra-se”. Então eu faço, se não, como junto grana pra viajar??? O dia a dia também podia ser mais agradável...
E pra completar, vocês viram a chuva de ontém??? Que tempo doido não!?!? Mas seguimos adiante, com Rodoanéis e "Novas" Marginais Tietê. Vai ficar uma belezura!!!