quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um Novo Tempo...


2010 já está no horizonte!
Que seja um ano de grandes realizações, coragem, alegria, amor...
Grande Abraço!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Rota Cicloturística Márcia Prado


Em 19 de dezembro de 2009 aconteceu um evento teste da primeira rota de cicloturismo do Estado de São Paulo. Ela sai do Grajaú, sul de São Paulo, passa pela "Ilha" do Bororé com o auxílio de duas balsas, chega em São Bernardo do Campo, passa pelo Parque da Serra do Mar, através da Estrada de Manutenção da Imigrantes, saindo em Cubatão e finalmente em Santos, num percurso de aproximadamente 77 km. O Projeto de Lei 256/2009 que cria a Rota é de autoria do vereador Chico Macena, já aprovado na Câmara Municipal de São Paulo e aguardando aprovação no Executivo. Para a passagem pelo Parque da Serra do Mar foi criado o Projeto NIP (Núcleo Itutinga Pilões) Bikers.


Quando se começa a andar de bicicleta (para os que pararam depois da infância), um dos principais passeios no imaginário d@s bicicletir@s é, sem dúvida, chegar até a praia pedalando. Acredito que o Mar tenha um "q" de magnético para muitas pessoas. Quando eu era criança, ir até a praia era das minhas "viagens" favoritas. Talvez porque o mar esteja logo ali, talvez porque a praia seja dos ambientes mais democráticos que conheço (embora tentem limitá-lo para alguns privilegiados, ou pelo acesso, ou desclassificando "outros" como "farofeiros").

Por lei, a descida da Serra de bicicleta não tem nada de ilegal, uma vez que a bicicleta é considerada um meio de transporte, podendo circular pelo acostamento ou pelas bordas da pista, tendo ainda prioridade sobre os demais meios de transporte, que devem garantir uma distância segura de 1 metro e meio nas ultrapassagens. A bicicleta também é dos meios de transporte mais democráticos que conheço, talvez por isso, e não à tôa, também tentem desqualificá-la como coisa de pobre e, conseqüentemente, inviável.

Alguns antecedentes Foto: Ciclobr

No dia 9 de dezembro de 2008, centenas de ciclistas sairam de suas casas para pegar uma prainha, como fazem outras tantas milhares de pessoas rotineiramente. Foram barrados, limitados e impossibilitados de usufruir do direito básico de ir e vir. Do direito de ir e vir com suas bicicletas. E do direito de ir e vir com suas bicicletas por estradas construidas também com o dinheiro de seus impostos.

Embora ilegalmente proibidos de ir à praia com suas bicicletas, centenas de ciclistas o fazem, já a muito tempo, se utilizando da máxima "as leis não bastam, os lírios não nascem das leis", de autoria do bicicleteiro Carlos Drummond de Andrade, montam em suas magrelas e rumam em direção ao mar, assim, sorrateiramente, na calada do dia. Já ouvi histórias de alguns que voltaram pedalando lá de baixo, que tiveram bicicletas apreendidas e pneus rasgados, e de outros tantos que, chegaram ao mar... E assim, a lenda chegou aos nossos dias.

O passeio é tão oficial que existe até um serviço de sinalização dentro do parque, feito pelos próprios ciclistas para que outros ciclistas não se percam. Em 11 de janeiro de 2009, um grupo de servidores públicos alternativos, entre eles e elas, Márcia Regina de Andrade Prado, sairam felizes da vida para além de chegar ao mar, sinalizar a estrada. Atividade realizada com sucesso.


Foto Ciclobr (Márcia é a garota de braços abertos e capacete vermelho)

Dia 14 de janeiro de 2009, 3 dias depois, Márcia foi atropelada na Av. Paulista, por um ônibus cujo motorista não cumpriu a lei vigente, e morreu no local.

A espectativa

Muitas foram as negociações encabeçadas, coordenadas e articuladas pelos integrantes do recentíssimo Instituto Ciclobr (http://www.ciclobr.com.br/) para articular um evento teste para a Rota. Acompanhei as discussões pela internet quando a data já estava marcada.

Agora vai! Mesmo assim, era complicado, saindo de Mauá, seria difícil ir até o Grajaú. Conversando com amigos que inclusive já desceram várias vezes, combinamos de sair de Mauá e encontrar um pessoal em Santo André. Iríamos direto até a entrada da Manutenção, e caso fosse, desceríamos pelo caminho já conhecido por eles (uma vez que não sabíamos se daria pra pegar a Rota oficial.

Mais de mês sem pedalar e os 100 km (novo recorde pra mim e pro Flávio) que estavam por vir me deixaram apreensiva. Também a responsabilidade pelo sucesso do evento (se desse algo errado, aí que não deixariam agente descer mesmo!), a correria de fim de ano... Não dava pra perder de jeito maneira! Seria Histórico (Tive que me utilizar várias vezes dessa frase pra animar o Flávio)!

Primeira parte – De Mauá até o início da Serra

A saída de Mauá foi o trecho mais complicado, saímos às 5h e ainda estava escuro. O trânsito, pra minha surpresa, estava bem complicado, a ansiedade atrapalhando a respiração e concentração. Encontramos o Edson e o Rubens no Habbibs, e logo em frente o Gustavo, que havia se comunicado conosco pela internet. Já chegando em Santo André, com o dia claro, o pneu traseiro do Flávio furou.

No posto já havia umas 20 pessoas esperando, somente rapazes, que puxa. Decidimos ir pela Imigrantes, porque a Anchieta tem muitas saídas, sendo assim, fomos até Diadema. Já quando entramos na Imigrantes um outro grupo de umas 6 pessoas se juntou a nós (+ uma menina!).

O trânsito estava absolutamente parado e confesso que foi uma delícia ver as bicicletas deslizando pelo acostamento, deixando pra trás todas aquelas máquinas superpotentes. Nossa alegria terminou em um posto policial. Uns 3 ou 4 ficaram nos interrogando: “Onde vão?” Quando falamos do evento, um se fez de desentendido, outro disse que a saída era do Grajaú e um outro chegou dizendo que nos escoltaria pois havia acontecido um acidente à frente, e poderia ser perigoso trafegar pelo acostamento
(???). Eu não gostei, quer dizer que sempre vou precisar de escolta? Enquanto estávamos parados, o grupo foi aumentando com outros ciclistas.

O policial na moto ficava acelerando todo mundo, gritando “2 em 2!”, empurrando os mais lentos (também ganhei “uma mãozinha”) e em dado momento se aproximou e disse algo que não entendi, só o final, “também sou ciclista”, e saiu sorrindo e acelerando. Aí comecei a pensar que ele só queria nos tirar lá do posto policial. Depois se aproximou de novo e consegui entender, era ciclista mesmo, disse pertencer a um grupo que já não lembro o nome e que no outro dia subiria a Serra pela Manutenção. Independente disso, esse trecho foi muito acelerado, sendo que resolvi parar pra comer uma barrinha, mesmo deixando o povo se afastar.

Em seguida uma outra parada que nem entendi direito porque estava no final da fila. Os policiais de moto haviam dito que o evento estava cancelado por causa do mau tempo e que dali pra frente era por nossa conta, e foram embora. Logo fomos parados por outro carro da Ecovias, com as mesmas super perguntas. Demorou mais um pouco e seguimos pedalando até outro posto policial, onde já haviam muitos outros ciclistas esperando a liberação para continuarem, o que estava proibido.

Nesse momento já tinha visto o André Pasqualini (do Instituto Ciclobr) e também uma placa da Rota, estávamos no caminho certo! Deu pra comer e ir ao banheiro (daqueles), e esperar a liberação.

Tudo pronto, podemos passar! O engraçado é que mesmo quando ficamos parados 1 hora, na hora de sair, agente sempre ta fazendo alguma coisa...

Segunda Parte – A tão esperada descida!!!

Iniciamos a descida pela Imigrantes mesmo, quem já fez o caminho diz que nunca chega até ali, tendo que sair por uma trilha no meio do mato. A descida foi alucinante e ainda com garoa, eu tenho o maior medão de levar um capote em alta velocidade, por isso vou agarrada aos freios e procuro não passar dos 50 km/h.

Logo à frente entramos na Manutenção, empurrando a bicicleta por uma descidinha brava, uma garoa fina, e um policial comentando ao meu lado que aquilo ia dar “merda, essa pista está um sabão, não sei quem foi o louco que autorizou isso”. E ali estava eu, mais uma vez frente à montanha russa.

O lugar estava lotado, antes precisávamos assinar uma ficha (daquelas que dizem que qualquer coisa que der errado, o problema é seu, pedem seu tipo sanguíneo e o telefone de contato para uma possível má notícia). Depois assinavam nossos braços com um canetão, e estavam liberando a galera de 10 em 10. Agora era nossa vez! Ainda não... O cabo do freio de um sortudo havia estourado logo ali... Resolvido o problema, pedimos que ele fosse na frente pra ver se tinha ficado bom.

Com todas aquelas precauções, saímos bem de mansinho. Vários em nosso grupo já haviam feito o percurso. Andamos meia dúzia de pedaladas e num trecho plano um colega se esburracha em nossa frente. O doravante conhecido Maurinho Três Tombos percebeu que aquele pneu slik 1.0 não era o mais adequado, mas foram só uns arranhões, nada grave.

O lugar é absolutamente maravilhoso. Com pista asfaltada, cercado de muito verde e com um visual deslumbrante da baixada. E tudo isso, quase sem carros (só no final cruzamos com alguns). O único barulhinho irritante era dos mesmos carros na Imigrantes, nada que sufocasse o canto dos pássaros e das águas escorrendo pela montanha. Aliás, a engenhoca (Imigrantes) também é de parar as bikes. Se conseguiram construir aquilo tudo, provavelmente conseguirão resolver o problema dos 6 km que dificultam o acesso dos ciclistas à Manutenção.

Pra completar, passamos por uma lindíssima cachoeira. É lindo de ver toda aquela força espetacular da Natureza.


A descida da Serra também possui algumas subidas. Estas são o melhor lugar pra se lanchar e bater um papinho. O problema das subidas é que elas demoram muito mais que as descidas, mas essas também são abundantes. E assim fomos, vagarosamente, saindo do parque.

Terceira Parte – O loooooooongo caminho até o mar

Saímos do parque por uma estradinha de terra toda esburacada. Nesta hora já eram muitos ciclistas e tentava ficar atenta ao nosso grupo. Já tínhamos pedalado quase 80 km e as pernas (e no meu caso as costas) já estavam dando sinal de vida.

Passamos por uma simpática vilinha da periferia, tinha até um bonito riacho e algumas crianças já esperando por nossa passagem, umas indicavam o caminho, outras aproveitavam pra fazer uma piada. Já tinha uma galera parando pelos botecos da vila e antes de seguirmos, comemos os últimos lanches.

O caminho ainda era relativamente longo e fomos seguindo as placas que nos orientaram muito bem, embora em alguns momentos tivéssemos que parar pra prestar atenção.

Nessa hora o grupo se separou, quem tinha mais perna deu uma esticada (alguns até demais), e fomos nos misturando a outros grupos de ciclistas que também demonstravam bastante cansaço. O legal de pedalar tanto tempo é que todo o grupo vai se nivelando. Por ser mulher, eu sofro um pouquinho no começo das pedaladas quando os rapazes estão mais eufóricos e não querem ficar pra trás. Alguns rapazes dizem que não gostam de ser ultrapassados por mulheres (no futebol acontece a mesma coisa, levar um olé de uma mulher parece uma humilhação, daí deduz-se que ser mulher deva ser uma humilhação, sendo que alguns até se “xingam” de “mulherzinha”).

Deixando as questões de gênero de lado, melhor pensar no cicloturismo. Uma viagem de bicicleta não é uma competição. Passado os primeiros momentos de euforia, acredito que vale mais a paciência, a força de vontade, o auto conhecimento, do que, tão somente, melhores condições físicas. Não que estas sejam dispensáveis, ao contrário, é ótimo pra gente aproveitar ainda mais os passeios, mas de fato, mulheres, gordinh@s e idos@s, com algum preparo e equipamento adequado, estão aptos para a prática do cicloturismo.

Como já estávamos sem lanches e com a fome apertando, mesmo já chegando, uma padaria apareceu em nossa frente feito um oásis. Eu já estava naquele estado crítico de embaçamento das vistas e pernas bambas. Nos deliciamos com os vários quitutes, sendo que não pude esperar pelo preparo de um lanche, também nem deu pra esperar e já fui degustando o maravilhoso pão recheado mesmo antes de pagar. A impressão que dá é que temos uma daquelas barrinhas dos jogos de vídeo game que vão diminuindo de energia, verde, amarelo, até chegar no vermelho. Feitos os devidos reabastecimentos, a barrinha volta pro verde.

Chegamos ao mar. Muitos ainda estavam pelos quiosques, alguns já haviam ido embora, outros ainda iriam chegar. A água estava uma delícia. A noite continuou também uma delícia. Eu e Flávio fomos embora somente no outro dia, pudemos conversar bastante com outros bicicleteir@s e o espírito era de grande realização. A beleza da descida. A beleza de um grupo enorme de pessoas mostrando que é possível uma outra vida para essa nossa grande megalópole. Passaram pela inscrição aproximadamente 900 pessoas, algumas outras não passaram, mas desceram.

Eu não conheci a Márcia como também só conheço de vista muitos dos que estão à frente do cicloativismo. Mas conheço muitas vítimas do “trânsito”. Esses dias pensando com minha mãe fizemos um levantamento de quantos já morreram, se feriram gravemente, ou se envolveram nestes ditos “acidentes”. Somente entre familiares e amigos os números são muito maiores do que os mortos por alguma doença. Como tantos outros, Márcia também poderia apenas ser lembrada pela canção e pelos noticiários que pouco se importam com a vida humana: “morreu na contramão atrapalhando o tráfego”. Mas a “construção” foi outra, e é com uma enorme paixão pela vida que as pedaladas continuam, imortalizadas pela Rota de Cicloturísmo Márcia Regina de Andrade Prado.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Tomando Partido.

Há mais ou menos um ou dois anos me filiei ao Partido dos Trabalhadores. Embora eu já houvesse sido "cassada" por ser considerada petista, nunca havia querido me filiar. O fiz após grande insistência de um amigo. Ou me filiava ou perderia o tal do "PED" onde todas as coisas podem ser transformadas através do voto, da participação e blábláblá. Me convenceu, afinal, já há algum tempo que estou querendo me "engajar" em algo, ser militante.
Eu tenho uma "pedra" da militância. Essa história das pedras é meio complicada mas em resumo são algumas coisas que têm importância pra mim. Me descobri militante um dia que fiquei pra carregar um monte de coisas sozinha após uma reunião do CRESS. Então ser militante é isso? Esse trabalho sem olofotes, nos bastidores, de formiguinha, e "de graça"? Não é atôa que tá fora de moda...
Cresci filha de militantes, a discussão política sempre teve importância pra mim. A profissão que escolhi, digamos, também é bem "politizada" (ou deveria ser). Me formei ouvindo que o PT não representa mais os interesses da classe trabalhadora, suas lideranças foram cooptadas. Ainda fico pensando se foi bom pro partido (e pra quem acreditava em algo diferente) ganhar as eleições da forma que ganhou, com as alianças que fez, tudo em nome da "governabilidade"! Governabilidade e "fluidez do trânsito" têm pra mim os mesmos significados. Quando se fala em fluidez do trânsito estão falando do trânsito dos carros. Em governabilidade estão falando de governabilidade para a classe burguesa, para que não hajam "confrontos" e o país possa caminhar rumo ao desenvolvimento!
Pensei em outros partidos, PSOL, PSTU, ou algum outro dito de esquerda, mas não conheço ninguém desses partidos. Mas conheço algumas pessoas dentro do PT de Mauá que também estão um tanto quanto incomodadas com algumas coisas. O PT tem se tornado um partido pra ganhar eleições, um bom administrador para o estado capitalista. Revolução? Transformação social? Isso é aos poucos... e essa história me lembra aquela de que temos que esperar o bolo crescer...
Mas é aí que entra a pergunta da tostinez: qual será o segredo do PT? Deixou de representar a classe trabalhadora porque foi cooptado pela burguesia? Ou foi cooptado pela burguesia porque foi deixado pela classe trabalhadora? Será que eleições de 4 em 4 anos são suficiente para vivermos em uma "democracia"? Se o socialismo não deu certo, o capitalismo por acaso deu? Será que alguém ainda se lembra dessa história de jacobinos e gerundinos, esquerda e direita? Será que ainda vai sobrar o Sarney pra contar a história?
Democracia é muito complicado e trabalhoso... a novela no sofá tem convencido muito mais pessoas...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Respeitem meus cabelos, brancos!




"Respeitem meus cabelos, brancos
Chegou a hora de falar
Vamos ser francos
Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos

Meu cabelo veio da áfrica
Junto com meus santos
Meu cabelo veio da áfrica
Junto com meus santos

Benguelas, zulus, gêges
Rebolos, bundos, bantos
Batuques, toques, mandingas
Danças, tranças, cantos
Respeitem meus cabelos, brancos

Se eu quero pixaim, deixa
Se eu quero enrolar, deixa
Se eu quero colorir, deixa
Se eu quero assanhar, deixa
Deixa, deixa a madeixa balançar"

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

E finalmente...

... saiu o vídeo da 2ª Ciclo! O youtube bloqueou-o por conta do áudio, e tive que trocar, após grande resistência.
Aí vai: http://www.youtube.com/watch?v=2iE2Sjno5Ec



Obs: Oi Camila! Quase que não dou conta esse mês! A proposta é 2 posts por mês e nesse, se não fosse seu comentário a me instigar... à propósito, já comprou a bicicleta??? rsrs Nos vemos por aí, bjo!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

8º Encontro Nacional de Cicloturismo e Aventura

Se eu sair pedalando pelo mundo, muito se deverá à este encontro...



Foto por Eduardo Green
8º Encontro Nacional de Cicloturismo e Aventura

O Encontro aconteceu em Campos do Jordão (na verdade já era um pouquinho pra lá, chegando em Minas Gerais...) entre os dias 5 e 7 de setembro (já passou bastante tempo mesmo, mas queria deixar registrado), com organização do Clube de Cicloturismo do Brasil (http://www.clubedecicloturismo.com.br/).

De lá pra cá venho alimentando o sonho de fazer uma grande viagem de bicicleta... eu e Flávio temos conversado muito sobre esta possibilidade. Espero que ela se torne real.


























Foto por Eduardo Green














domingo, 20 de setembro de 2009

2ª Cicloviagem - Litoral Paulista

Nossa 2ª Cicloviagem aconteceu no Litoral Paulista. Fomos de Peruíbe à Ilha Bela em 4 dias de pedal no feriado de 9 de julho de 2009, totalizando 250 km.

A descida da Serra




Descemos para Peruibe no dia 08/07/09, dessa vez, de ônibus. Pra começar nossa “luta” com a CPTM (como embarcaríamos na quarta quando não é permitido carregar bicicletas), embalamos as bikes em lona preta, e aí sim, devidamente “camufladas”, pudemos embarcar com nossa bagagem. É preciso dizer que, com as bikes embaladas, fica mais difícil o seu transporte, o que atrapalha tanto a nossa vida quanto aos demais usuários da própria CPTM. Também ganhei uma dor no pulso que me acompanhou pelos próximos dois dias de viagem.


Para tentar facilitar nossa vida de carregadores de bicicletas, achamos que seria melhor embarcarmos em Prefeito Saladino (e não no Terminal Rodoviário do Tietê, que teria ônibus direto para Peruíbe), indo para Santos e depois pegando outro ônibus para Peruíbe. As bikes foram no bagageiro do ônibus, e ficaram muito bem amarradas por sinal, não causando nenhum dano às mesmas.


Enfim, chegamos à Peruíbe passando da meia noite, e o hotel que havíamos visto para ficar estava fechado e não nos atendeu. Restou-nos sair de porta em porta procurando um lugar pra ficar com um preço justo, pois sairímos no outro dia bem cedo, antes mesmo do café. Um rapaz sonolento e admirado com a hora nos acolheu, manifestando um certo protesto, mas acho que percebeu que não tínhamos pra onde ir... finalmente, “lar doce lar” para aquela noite. Ainda fomos comer alguma coisa no centro próximo.


1º Dia de pedal – 52,85 Km.


Não conseguimos levantar tão cedo assim (a previsão era sairmos às 6h, como na 1ª Viagem, e pedalar somente o período da manhã), e às 9:15h deu-se início nossa aventura! Todo início de viagem dá aquele friozinho na barriga, pois, embora já tivéssemos passado por praticamente todas aquelas praias, de bike é sempre tudo novo. A pousada também era bem aconchegante, quem sabe voltemos outro dia!






O dia estava ótimo para um pedal e a companhia do mar, obviamente, maravilhosa!!! Rapidamente (depois do pão com pingado na padaria), já estávamos saindo de Peruíbe, aquela falta de subidas era uma beleza!
Para esta viagem, como em alguns trechos pegaríamos a Rodovia, adotamos coletes refletores para maior segurança, no início deu um pouco de vergonha usá-los, mas depois, devido algumas situações, percebemos que nos foram muito úteis...






O trajeto da viagem foi pensado à partir do google maps, sendo que tínhamos planejado uns 50 km por dia, à princípio ainda não sabíamos se chegaríamos à Ilha Bela devido um pequeno morro na cidade de São Sebastião... A hospedagem também vimos através da internet e não reservamos nada, pois sabíamos que não teria muita gente por lá.


Os marinheiros de 1º dia, chegando ao 1º hotel visto pela internet (e que dizia ser pertinho do centro!), já no horário do almoço, foram logo se hospedando e ... pimba, passamos a tarde andando atrás de restaurante e supermercado, pois na verdade ainda estávamos um tantim distante do centro.

2º Dia de pedal – 85,49 Km.


No segundo dia conseguimos sair às 6:30h. Único dia em que conseguimos ver o sol nascer e também o dia mais agitado, onde passamos pelas cidades mais movimentadas.





Uma das cenas com os coletes foi na ciclovia de Praia Grande, um grupo de rapazes estava tentando pegar uns côcos e quando fomos nos aproximando, um desceu correndo com cara de assustado. Quando passamos, deu pra ouvir ele comentando "pensei que era da polícia!" hehehe. Também percebemos um maior respeito no trânsito, talvez pelo mesmo motivo. Teve um outro Senhor que insistiu que eu lhe desse uma informação sobre a balsa, "meu Senhor, não sei te infor... não, mas eu só queria saber...", acho que falei qualquer coisa pra ele...








De fato parecíamos verdadeiros domingueiros do pedal e por algumas vezes "quase" causamos acidentes. O 1º foi na Ponte Pencil, puxa ela é tão bonita!!! Então eu quis bater uma foto. Péssima idéia, mas salvaram-se todos e a foto ficou legal!




O trânsito de bicicletas é enorme e com certeza dá pra ir pra todo lugar de bike. Fomos de Mongaguá até Guarujá apenas por ciclovias e ciclofaixas, mas pra quem não está acostumado, não há muita sinalização, e como bicicleta não tem luz de freio, parar pode ser arriscado. Mas seguimos turismando por cidades tão próximas, e que precisam ser visitadas mais vezes







Na entrada para a balsa entre Santos e Guarujá, nos atrapalhamos um pouco, até entramos na contramão mas o pior estava por vir. Sabe quando o dia está quente, a fome já tá apertando, as pernas meio bambas (e todas as desculpas mais para este tipo de situação)... Chegamos perto do embarque e Flávio perguntou à um gari onde era o banheiro, "é por ali", virou as costas e continuou seu trabalho. Então meu digníssimo foi descer de sua bicicleta, só que estava muito perto de mim, bateu o pé na garupa e nos engalfinhamos até o chão, vagarosamente, meio que em câmera lenta. De engraçado só teve a cara do gari ao perceber o fato: "Nossa!" como quem diz "como conseguiram?!?!", e veio correndo em MEU socorro. Jamais conseguiria sair dali sozinha com o peso das bikes + mochilas + Flavitos. Ainda bem que levamos o gelol.





* o meliante tentando se camuflar*


Chegando em Guarujá, não cometemos o mesmo erro do dia anterior e resolvemos almoçar primeiro. A chuva aguardou nossa chegada pra cair e já estávamos imaginando uma caminha quente depois do almoço. Pesquisa dali, olha daqui e quando fomos ver já estávamos aquecidos de novo e prontos pra continuar no pedal! Fomos andando mais um pouco e com aquela chuva o que teríamos pra fazer à tarde? Pedalar! E a chuva nos acompanhou até o fim da viagem... Pra muita gente aquele fim de semana chuvoso pode ter estragado o passeio, mas pra nós, como a diversão era o caminho, aproveitamos mesmo com chuva! Estávamos até quentinhos! E após 85km (nosso récorde), chegamos em Bertioga. Passeio pelo centro, pizza e ótima hospedagem.


3º Dia de pedal – 67,48 Km.


A chuva caiu que foi uma beleza durante à noite e pela manhã, sendo assim, saímos às 10h30. Nesse dia foi um festival de "tira capa de chuva, põe capa de chuva".



Com chuva??? Só se for em boa companhia...



Pedalar pelo acostamento foi muito tranquilo, ao contrário do trânsito do dia anterior. Pudemos pedalar lado a lado batendo um bom papo. Estranho mesmo era a sinalização da pista...





Demorou mas apareceu a 1ª subida da viagem, já saindo de Bertioga, em Boracéia... estava acabando nossa mamata...




Paramos para comer uma fruta, em um raro momento que a chuva deu uma trégua, próximo à um local que não pudemos identificar de início. Um cachorro latil e um homem espiou pra ver o que estava acontecendo. Nem terminamos de fazer nosso lanche e a chuva voltou a cair novamente. Então o homem nos convidou para entrar.


Sr. Heraldo faz a segurança do espaço que era um Senai e foi comprado para se construir prédios. O problema, como ele mesmo disse, é que passa "um rio" por baixo do local e não liberaram a construção... Ele nos apresentou as instalações que são maravilhosas, nos deixou utilizar o banheiro e nos falou sobre a cã que fica no local e acabara de ter filhotes...




Novamente a hospitalidade causada pela bicicleta nos chamou atenção nesta viagem.



Saímos com chuva mesmo e depois de um tempo, paramos pra almoçar. Comidinha deliciosa (bife com fritas), aguardamos um pouco pra baixar a comida e saímos vagarosamente. A Serra estava chegando e chegamos em Boiçucanga já no início da noite, onde ficamos hospedados no "Chalés Água de Coco", onde já havíamos passado umas férias. Aproveitamos que o local era grande pra lavar e secar toda a roupa. Pensamos até em ficar por ali um dia inteiro, pois estávamos adiantados...




4º Dia de pedal – 35 Km.

A chuva fez estragos esta noite e até nos acordou de madrugada com as janelas batendo. De manhã ainda não sabíamos se iríamos pedalar naquele dia. Esse de manhã já eram 10h, tomamos café, ajeitamos as coisas e resolvemos sair pois tava até fazendo sol! Saímos já era 12h, e fizemos mais um lanche na mercearia antes da primeira e grandiosíssima subida logo na saída de Boiçucanga. Saímos esperando pela chuva, mas o empurra bike deu um calor danado. Tiramos as capas e no meio da subida (que demorou uma hora de empurração) caiu o maior pé d´agua...



A temida Serra de São Sebastião...


Na Serra, empurramos bastante as bikes, que não estavam nada leves devido à bagagem, e a subida era tão íngrime que mais parecia uma escalada. Foi na serra o único momento que um ônibus passou muito perto e me assustou. Estávamos empurrando e não tinha acostamento. O ônibus passou rasgando ao nosso lado, mas é importante dizer que em nenhum outro momento sequer nos sentimos ameaçados.


Pior que subir, foi descer. Logo eu que havia encerrado minha carreira em parques de diversão... A sensação foi a mesma de chegar ao topo de uma montanha russa, naquele momento em que o carrinho está fazendo a curva e já se soltou das engrenagens... terrível... pra piorar, devido a chuva, havia muitas folhas nas bordas da pista, e a porcaria dos freios, com a roda molhada, cantaram que foi uma beleza.




Em Maresias, nem os surfistas apareceram, mas o sol veio dar uma espiadinha...


Só consegui aproveitar melhor (mesmo com medo) à partir da segunda descida. A chuva afastou os visitantes e haviam poucos carros. Eu desci pelo meio da rua, e observava pelo retrovisor o Flávio sair e entrar no acostamento, quando estes apareciam. Eu estava com medo de me desequilibrar naquele degrauzinho da pista e praticamente descíamos na mesma velocidade que os carros, por isso foram poucos os que nos ultrapassaram durante a descida. Os pingos de água chega doíam, e as mãos também doíam de tanto segurar nos freios. Coisa de doido.



O bom da subida é que a vista é ainda mais bela lá de cima...


Em dado momento paramos pra fazer um lanche e apreciar a paisagem, o barulho do vento junto ao barulho do mar, as gaivotas paradas no ar, como que fazendo pose para a foto... e ao fundo, podíamos até avistar a chuva... foi quando percebedos que o vento estava para o nosso lado... tarde demais. Na pressa, até derrubei a bicicleta que entortou a garupa, o que só fui ver no outro dia. A chuva chegou forte e cheia de vento.




Chegando no centro de São Sebastião a sensação era de vitória e superação, olhar pra trás e ver que ultrapassamos todas aquelas montanhas com as nossas pernas. Ufa! Ainda dá frio na barriga.




Neste dia comemos apenas frutas, que nos sustentaram muito bem. Não conhecíamos o centro de São Sebastião e ficamos num hotel próximo a rodoviária. O rapaz do hotel perguntou por que estávamos fazendo aquilo??? Porque sim ué! À noite fomos jantar (e mais uma vez descobrimos que vacilamos quanto à estadia...) e vimos que a chuva até cancelou um show que haveria no centro (era uma dupla sertaneja, não lembro qual).




O que sobrou das banderolas...


Último dia – 10 Km.


Imagine se depois de tanta chuva e o fim do feriado o sol apareceu??? Compramos as passagens de volta para tarde e fomos almoçar em Ilha Bela, tínhamos a segunda livre. Íamos deixar as coisas no hotel, mas descobrimos que ele havia sido assaltado no dia anterior. Saímos correndo com os tênis pendurados nas mochilas...




Ainda tivemos tempo de aproveitar o sol e as belas paisagens de Ilha Bela!!!















A subida da Serra


Só pra variar, a segregação das bikes na CPTM...





OBS:

*Fiz um filme com as fotos faz um tempo, mas parece que o AI-5 digital já baixou no youtube, se alguém souber de outro local que dá pra colocar vídeos...

*Com certeza, esta viagem é mais tranquila de se fazer do que a que fizemos primeiro. Fica a dica pra quem quer começar a viajar de bicicleta!!!

*Se aguém tiver a altimetria da Serra de São Sebastião, eu gostaria de saber.


Cicloabraços à tod@s!


***FIM***