terça-feira, 22 de março de 2011

Espiritualidade - Um caminho de transformação


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Contracapa: "A espiritualidade vive de gratuidade e da disponibilidade, vive da capacidade de enternecimento e de compaixão, vive da honradez em face da realidade e da escuta da mensagem que vem permanentemente desta realidade. Quebra a relação de posse das coisas para estabelecer uma relação de comunhão com as coisas. Mais do que usar, contempla.

Há dentro de nós uma chama sagrada coberta pelas cinzas do consumismo, da busca de bens materiais, de uma vida distraída das coisas essenciais. É preciso remover tais cinzas e despertar a chama sagrada. E então irradiaremos. Seremos como um sol."

Leonardo Boff


Orelhas: Leonardo Boff situa o tema da espiritualidade no contexto dramático e perigoso em que se encontra atualmente a humanidade. Sua reflexão quer captar a urgência da espiritualidade e enfatizar sua premente atualidade em face dos mitos que circulam pela cultura - mitos da exterminação da espécie, da liquidação da biosfera, da ameaça do futuro comum, da Terra e da humanidade.

Em momentos assim dramáticos, o ser humano mergulha na profundidade do Ser e se coloca questões básicas: O que estamos fazendo neste mundo? Qual é o nosso lugar no conjunto dos seres? Como agir para garantirmos um futuro que traga esperança para todos os seres humanos e para o planeta? O que podemos esperar para além desta vida?

É neste contexto que o autor coloca a questão da espiritualidade. Ao citar o Dalai Lama, considerado por ele como uma das pessoas mais messiânicas do nosso tempo, Boff evidencia a distinção essencial entre religião e espiritualidade: a primeira associada a crenças, dogmas, rituais; a segunda relacionada relacionada às qualidades do espítito humano - compaixão, amor, tolerância, capacidade de perdoar, solidariedade - , que trazem felicidade para a própria pessoa e para os outros. E denuncia momentos e formas em que a religião se torna a negação da espiritualidade.

Descreve poeticamente as dimensões mística e política da espiritualidade de Jesus Cristo, fazendo também a distinção entre o Reino de Deus anunciado por Cristo e a Igreja como construção humana posterior, sujeita a distorções capazes de comprometer fundamentalmente a mensagem original.

Ilumina a nossa compreensão mostrando a diferença entre os caminhos espirituais percorridos pela humanidade no Ocidente e no Oriente para concluir, à luz de uma afirmação do Dalai Lama, que a melhor religião é a que nos faz mais compassivos, sensíveis, amorosos, humanitários, responsáveis. E que nenhuma religião pode invocar o monopólio dos meios para chegar a Deus.

Termina seu texto com um comovente diálogo com sua mãe, analfabeta, mas possuidora de uma sabedoria que lhe permitia ver Deus na transparência da realidade e de cada experiência concreta.

"Em nossos escritórios e nos nossos gabinetes de trabalho", diz Leonardo Boff, "podemos ser cínicos, podemos acreditar ou desacreditar de qualquer coisa. Mas não podemos desprezar a aurora que vem, não podemos desfazer o olhar inocente de uma criança, não podemos contemplar com indiferença a profundidade do céu estrelado sem cair no silêncio e na profunda reverência, nos perguntando o que se enconde atrás das estrelas, qual é o caminho da minha vida, o que posso esperar depois dela."

São perguntas que o ser humano sempre se coloca e, ao colocá-las, revela-se como ser espiritual. Quando nos abrimos para acolher essas mensagens, para orientar nossa vida num sentido que produza leveza, irradiação, humanidade, aí deixamos aflorar nossa dimensão espiritual.


4 comentários:

  1. a busca evolutiva pela nossa espiritualidade é parte integrante, pessoal e intransferível na nossa vida.

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  2. tenho acompanhado a sua, e tentado buscar a minha também...

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  3. O Boff tem uma abordagem contemporânea da espiritualidade. Num país de formação cristã com fortes laços no sincretismo, como o Brasil, infelizmente, o agnosticismo ainda é visto como uma espécie de falha de caráter, o que não é verdade. Boff é um dos poucos teólogos que pensam na espiritualidade dissociada da idéia sectária de grupo religioso, dogmas e doutrinas. Do ponto de vista dele, até mesmo um ateu, quando coloca em prática na vida, valores humanistas que busquem um equilíbrio social justo, ainda que este não acredite em uma figura divina, mesmo assim, estaria dotado do que também pode ser considerado um dom espiritual.

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  4. Não só do ponto de vista dele, Jesus também fala sobre isso, creio que na parábola do "bom Samaritano".

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